[Comunicado nº 182] Leitura comunista das eleiçons autonómicas de 18 de fevereiro

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[Comunicado nº 182]

Leitura comunista das eleiçons autonómicas

de 18 de fevereiro

         1º- Corretamente afirmavamos no início da campanha para renovar o parlamentinho autoanémico galego, que nom éramos indiferentes ao resultado do processo eleitoral, mas que além das subjetividades o que realmente estava em desputa ontem eram dous modelos à hora de gerir o mesmo sistema.

         2º- Afastados de atitudes de prepotência celestial, de olhar por cima do ombro o comportamento político da nossa classe e do nosso povo, conhecedores das dinámicas sociais, dos anelos do proletariado e das camadas populares, sempre relativizando a importância da frente eleitoral no longo processo de luita para atingir a nossa emancipaçom como classe e libertaçom como naçom oprimida, optamos pola flexibilidade tática leninista perfeitamente ensamblada na coerência estratégica que deve caraterizar a açom teórico-prática do partido comunista.

         Eis polo que coincidindo com mais da metade do povo trabalhador em avaliar os governos do PP como nefastos para os interesses populares e letais para a pervivência da nossa identidade nacional,  compartilhando os naturais desejos do povo galego antifascista de desprender-se do tandém Feijó/Rueda, nesta ocasiom o comunismo revolucionário galego nom adotou umha posiçom centrada na abstençom ativa. Acertadamente consideramos adequadas todas as opçons para fazer frente ao neofranquismo empregando o voto ou exercendo todas as alternativas que historicamente tem utilizado a nossa classe nos processos eleitorais burgueses.

         3º- Mas tal como tinhamos prognosticado a teimuda realidade da luita de classes confirmou os erros de cálculo e as falsas previsons à hora de avaliar o estado de opiniom dumha parte substancial da Galiza do Trabalho mais alienada, e portanto impermeável ao relato do ilusionismo eleitoral progre que carateriza o agir das “esquerdinhas” dirigidas pola pequena-burguesia.

         Pendentes do voto exterior, quem nesta ocasiom só atingiu 7% de um censo de 476 mil galegos residentes no estrangeiro com direito a votar, mas que poderia alterar por tam só 112 votos o último deputado do PP por Ourense em favor do PSOE, analisamos os resultados provisórios.

         Embora a participaçom eleitoral incrementasse 18.33 pontos, o mapa eleitoral da Galiza segue praticamente intacto ao de 2020.

         Os votos do bloco conservador/fascista, PP, Vox e Democracia Ourensana somam 748.296 (50.58%) frente aos 654.559 (49.99%) atingidos polo PP e Vox em 2020.

         O bloco progressista atinge 706.790 (47.77%) somando os do BNG, PSOE, Sumar e Podemos frente aos 616.720 de 2020 (47.1%).

         Mas debulhemos os resultados das principais 11 candidaturas que concorrérom no processo culminado ontem, frente às 20 de 2020.

         4º- O PP revalidou a sua quinta maioria absoluta consecutiva. Em termos absolutos incrementou votos, logrando 700.491 (47.36%) frente aos 627.762 (47.95%) de julho de 2020 em plena pandemia e com a comarca da Marinha confinada, perdendo 2 deputados, passando dos 42 aos 40.

         O BNG atingiu o melhor resultado da sua história, aglutinando nas suas siglas o voto anti-PP, passando dos 19 aos 25 deputados. Atingiu 467.074 votos (31.57%) frente aos 311.340 (23.78%) de 2020, consolidando e ampliando o sorpasso sobre o PSOE.

         O apoio do grupo Prisa à candidatura de Ana Pontón, as diversas concessons discursivas, programáticas e simbólicas como a reuniom com o patronato autotóne, fôrom insuficientes na pretendida homologaçom que facilitasse a luz verde do regime para alterar a maioria aritmética do PP.

         Tampouco resultou a sobredimensionada crise dos pellets, rapidamente deixada de lado após a impossibilidade de articular um movimento de massas da proporçom do ‘Nunca Mais’.

         O Deep State segue apostando na estabilidade e capacidade de implementaçom da sua agenda militarista, autoritária e antipopular, em plena crise estrutural do modelo de dominaçom vigorante. O Galeusca morno ainda deve aguardar.

         Devemos destacar que concentrou os seus melhores resultados na área geográfica da ria de Vigo, a mais importante conurbaçom e área industrial galega, sendo a força mais votada em Vigo, Cangas, Moanha, Redondela e Soutomaior.

         O PSOE continua a sua lenta hemorragia e progressivo desmoronamento na Galiza, perdendo mais de 50 mil votos traduzidos em 5 deputados, passando dos 14 a 9.

         A candidatura encabeçada por Xosé Ramón Gómez Besteiro passou dos 253.750 votos (19.38%) de 2020 a 207.691 (14.04%). Este resultado constata o profundo desconhecimento e divórcio com a realidade do país por parte do aparelho madrileno de Ferraz, verdadeira direçom de umha força que é a coluna vertebral da monarquia posfranquista.

         Mas também responde a estratégia de participar no processo eleitoral com vocaçom subsidiária, de ser a muleta que necessitava o BNG para superar coletivamente os 38 deputados.  

         A candidatura do “pailofascismo” populista promovida polo alcaide de Ourense, articulada à volta de um discurso vitimista, logrou irrumpir na Cámara do Hórreo com um deputado, logrando Democracia Ourensana 15.312 votos (1.03% a escala nacional, mas que supom 8.87% na circunscriçom provincial).

         Novamente a candidatura fascista de Vox, embora melhora levemente os resultados de 2020, fica mui afastada de lograr representaçom. Os de Abascal lográrom 32.493 votos (2.19%) frente aos 26.797 (2.04%) de há quatro anos.

         As “esquerdinhas” woke espanholas simplesmente descalabrarom-se. As duas candidaturas que em 2020 sob a fórmula de “Galicia en Común” tinham atingido 51.630 votos (3.94%), nesta ocasiom ficárom em 32.025 (2.16%).

         Sumar logrou 28.171 votos (1.90%) e Podemos a ridícula cifra de 3.854 (0.26%), por baixo dos resultados históricos das duas candidaturas eleitorais da esquerda independentista na passada década, mas investindo dezenas de milhares de euros e logrando participar nos debates dos meios de comunicaçom públicos.

         Ambas siglas estám condenadas à descomposiçom e residualismo, pois nom encaixam no específico ecosistema político.

         5º- Novamente as urnas confirmárom que nom se podem confundir os desejos com a realidade.

         Só interpretaçons metafísicas do nosso presente quotidiano poderiam ter alimentado, e portanto ingenuamente acreditado, em que as intençons de mudança, de transitar face a alternância política, se tivessem traduzido num volco que provocasse forçar que o PP passasse à oposiçom.

         Cenário que os comunistas consideramos altamente improvável polo lamentável estado real da consciência da nossa classe, caraterizada pola desorganizaçom e resignaçom, instalada no amorfismo e no marasmo, carente de referentes ideológicos genuinamente obreiros, e portanto afastada da procura de soluçons coletivas à grave situaçom que padecemos nas nossas condiçons de trabalho e vida.

         Reafirmamo-nos que como força anticapitalista e de libertaçom nacional nom só nom depositamos expetativa algumha nas praticamente inexistentes margens políticas para poder implementar medidas reais ao serviço dos interesses materiais da imensa maioria social: a classe obreira e o povo trabalhador e empobrecido da Galiza, no caso de ter-se produzido a queda do PP.

         Somos conscientes que ilusionismo do fetichismo eleitoral, esse cancro inoculado no movimento popular polas “esquerdinhas woke”, é responsável da desorganizaçom e desmobilizaçom da nossa classe, e da penetraçom da fragmentaçom identitária que dificultar articular umha verdadeira  alternativa revolucionária aos dous blocos em desputa.

         Voltamos a reafirmar que as profundas mudanças e transformaçons imprescindíveis para alterar o processo de empobrecimento, depauperaçom e perda de direitos e liberdades que leva padecendo a classe trabalhadora galega, a conquista dumha Pátria livre e soberana, nom se podem atingir nas instituiçons do inimigo, depositando um papel numha urna. Só se podem lograr mediante a luita obreira e popular organizada e unitária sob umha estratégia revolucionária de caráter insurrecional.

         6º- Nom estamos abatidos porque nom depositavamos expetativas, nom estamos frustrados porque nom consideravamos que era possível desalojar ao PP de Sam Caetano. Somos realistas, conhecemos bem o estado subjetivo da formaçom social na que vendemos a nossa força de trabalho.

         O mais positivo dos resultados de ontem é a reafirmaçom do projeto nacional galego como umha realidade contraditória, mas incontestável, que o bloco de classes oligárquico espanhol nom atura, e que o comunismo revolucionário deve orientar com um programa socialista e patriótico.

         Mas também que só 7 de cada 10 galegos e galegas com direito a voto, entre os que incluimos os mais de 725 mil abstencionistas, optárom, optamos por nom votar no PP.

         7º- Sabemos quais som as tarefas urgentes nas que devemos concentrar os nossos limitados recursos e energias, porque sabemos que os paliativos para superarmos a grave situaçom da classe trabalhadora e da Naçom galega, nom se soluciona receitando analgésicos. Só operando é possível mudar o rumo. E na luita de classes isto chama-se Revoluçom Socialista.

         A  principal tarefas do marxismo-leninismo da Pátria de Benigno Álvarez e Moncho Reboiras é reconstruir o Partido Comunista Revolucionário Galego e promover espaços mais amplos articulados na independência de classe, configurados maioritariamente por trabalhadores e trabalhadoras, dotados de um programa antifascista, anti-imperialista, socialista e de libertaçom nacional.

         Somos conscientes que a tarefa que temos entre maos é árdua e desenvolve-se numha atmósfera subjetivamente adversa, mas estamos plenamente convencidos que nom há outro caminho. Que seguiremos transitando nesta longa travessia do deserto, polo que cumpre seguir armando-nos ideologicamente mediante o estudo e a formaçom, bem combinada com a intervençom seletiva que nos permita recrutar e formar bolcheviques, forjados no aceiro pois o caminho é longo e difícil, e devemos evitar malgastar a água da nossa cantimplora.

         Sem reconstruirmos o partido comunista combatente, patriótico e revolucionário galego, nom será viável organizar a resistência e a contraofensiva proletária frente às permanentes agressons que padecemos como classe e naçom, contra o fascismo e o militarismo, contra os ventos cada vez mais próximos de guerra mundial no nosso espaço geográfico, à que nos empurram as oligarquias do capitalismo corporativista globalista da UE e a OTAN, que pretende resetear o sistema empregando os métodos habituais da conflagraçom.

 

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

 

Na Pátria, 19 de fevereiro de 2024

 

[Ano Lenine]

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